Relatório do IPBES avalia Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos para as Américas
O IPBES – Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos acaba de lançar o Relatório Regional de Avaliação de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos para as Américas. O documento, já disponível na versão completa e em formato de Sumário Executivo para formuladores de políticas, foi elaborado com a participação e colaboração de 104 especialistas de 21 países, sendo 12 brasileiros.
Os pesquisadores Jean Ometto (vice-coordenador da Rede Clima) e Juliana Farinaci, ambos do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e Mercedes Bustamante (coordenadora da sub-rede Usos da Terra da Rede Clima), da Universidade de Brasília (UnB), estão entre os membros da equipe. Ao todo, os 76 autores contribuintes analisaram um grande corpo de conhecimento, que incluiu cerca de 4.100 publicações científicas.
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O Relatório representa o estado do conhecimento sobre a região e sub-regiões das Américas, fornecendo uma avaliação crítica da ampla gama de questões enfrentadas pelos tomadores de decisão, incluindo a importância, o status, as tendências e ameaças à biodiversidade, e as contribuições da natureza para as pessoas. O documento também traz subsídios para o desenvolvimento de respostas de gestão, tecnologias, políticas, incentivos financeiros e mudanças de comportamento.
De acordo com o resultado da avaliação, as Américas são dotadas de uma capacidade muito maior da natureza em contribuir com a qualidade de vida das pessoas do que a média global. O valor econômico das contribuições terrestres da natureza é estimado em pelo menos US$ 24,3 trilhões por ano, o equivalente ao produto interno bruto da região.
O estudo conclui que, embora muitos aspectos da qualidade de vida estejam melhorando em escala regional e sub-regional, a maioria dos países das Américas está usando a natureza a uma taxa que excede a sua capacidade de se renovar e, consequentemente, de contribuir para a qualidade de vida.
O Relatório avalia ainda o status das seguranças alimentar, hídrica e energética. As conclusões indicam que, em alguns casos, o aumento contínuo da produção agrícola, da pesca e da aquicultura se dá às expensas de outros aspectos importantes das contribuições da natureza para as pessoas; que há um declínio do abastecimento de água per capita e uso insustentável generalizado de águas superficiais e subterrâneas em muitas partes da região; e que a produção de bioenergia pode competir com a produção de alimentos e com a vegetação natural, com consequências sociais, econômicas e ecológicas adversas.
Apesar de estarem em melhores condições do que a média global, a biodiversidade e o ecossistema nas Américas estão em declínio. Quase um quarto das espécies avaliadas são classificadas pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) como em alto risco de extinção. Os fatores indiretos desse declínio incluem as populações e tendências demográficas; o crescimento econômico e sistemas de governança fracos; e a desigualdade. Já os principais fatores diretos incluem a conversão de habitat, fragmentação e sobre exploração / abate excessivo. Há o reconhecimento de que a mudança climática está tornando um aspecto cada vez mais importante, amplificando os fatores diretos.
Finalmente, o Relatório apresenta opções e iniciativas, algumas das quais em curso, que podem retardar diminuir e reverter a degradação do ecossistema e melhorar o fornecimento de contribuições da natureza para as pessoas, incluindo aumento de áreas protegidas, restauração ecológica, gestão sustentável da terra fora das áreas protegidas, e a integração da conservação e uso sustentável da biodiversidade nos setores produtivos. Estes requerem implementação de processos eficazes de governança e instrumentos políticos.
O Relatório Regional de Avaliação de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos para as Américas fornece subsídios para a avaliação global do IPBES, a ser lançada em maio de 2019.
Sobre o IPBES
O IPBES é um órgão intergovernamental independente, estabelecido pelos Estados membros em 2012. Proporciona aos formuladores de políticas avaliações científicas objetivas sobre o estado do conhecimento sobre a biodiversidade, os ecossistemas e os benefícios que proporcionam ao planeta para as pessoas, bem como as ferramentas e métodos para proteger e utilizar de forma sustentável esses ativos naturais vitais.
A missão da instituição é fortalecer as bases de conhecimento para uma melhor política através da ciência, para a conservação e uso sustentável da biodiversidade, bem-estar humano a longo prazo e desenvolvimento sustentável.
De certa forma, o IPBES faz pela biodiversidade o que o IPCC faz para as mudanças climáticas.
por Ana Paula Soares, Divulgação Científica da Rede Clima
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