PRESENTE E FUTURO DO CCST – UMA CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA
Em 2015, 3 encontros de trabalho internos discutem integração e parcerias entre pesquisas em curso no Centro de Ciência do Sistema Terrestre.
Aconteceu no último dia 02/07 o segundo encontro de integração do CCST – Centro de Ciência do Sistema Terrestre. O seminários foi o segundo de 3 encontros programados para suscitar o reconhecimento dos projetos em curso, e potenciais parcerias entre os pesquisadores, alunos e demais servidores.
A iniciativa se propõe igualmente a discutir a identidade institucional do Centro, uma demanda que se encontra no novo Plano Diretor do INPE para o período 2016-2019.
A revisão da articulação de projetos e das linhas de trabalho do CCST parte de uma visão interna de seu corpo de professores, alunos e bolsistas em integrarem suas atividades-fim em 3 grandes eixos de pesquisa: a) Modelagem; b) Diagnósticos e Cenários; c) Observação.
A importância em conhecer o que o pessoal dos laboratórios está fazendo pontualmente e identificar possibilidades de colaboração (ou de alinhamento metodológico) foi uma mensagem deixada por Jean Pierre Ometto, coordenador do CCST, durante o encerramento do evento ocorrido no auditório Lambda, em São José dos Campos. Para o professor Peter Mann de Toledo, vice-coordenador do CCST, “os dois workshops internos foram positivos para o CCST, pois alcançaram o objetivo de integrar os diferentes grupos de pesquisa nas temáticas propostas”.
Programação
A seleção de trabalhos (individuais e sumários de pesquisas dos laboratórios) buscou apresentar o diagnóstico das dimensões sócio-político-institucionais das mudanças ambientais, e trazer o estado da arte da construção de cenários de futuro para o sistema terrestre, relacionados aos impactos, adaptação e vulnerabilidade face às mudanças do desenvolvimento humano sobre o planeta.
As contribuições dos alunos e pesquisadores do CCST foram as seguintes:
- “Mudanças ambientais, construção de cenários e estudos relacionados à Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade foi o nome da apresentação do professor Osmar Junior, que fez um resumo das atividades do ELAT – Grupo de Eletricidade Atmosférica;
- “Ação coletiva e resiliência comunitária sob uma abordagem de sistemas socioecológicos”, estudo de nível pos-doutoral de Juliana Farinaci;
- “Risco, vulnerabilidade e exposição da várzea amazônica aos extremos climáticos”, projeto do grupo da pesquisadora Laura Borma;
- “Impactos das mudanças ambientais sobre os recursos solar e eólico”, apresentado por Rodrigo Costa do LABREN – Laboratório de Modelagem e Estudos de Recursos Renováveis de Energia;
- “Modelos para projeções de ocorrência de fogo na vegetação”, pesquisa desenvolvida no grupo IBA – Interação Biosfera-Atmosfera por Manoel Cardoso, do CST/CP;
- “Análise integrada de indicadores socioeconômicos e ambientais no estudo do processo de desertificação da região nordeste do Brasil”, projeto do doutorando PG-CST Gilney Bezerra;
- “Palma forrageira: uma alternativa para o Semi-árido?”, proposta de pesquisa do tecnologista Gustavo Arcoverde;
- “Cenários de uso da terra para a Amazônia Brasileira”, apresentado pela pesquisadora Talita Oliveira Assis;
- “Diagnóstico das dimensões do desenvolvimento por meio da análise integrada de indicadores”, proposta de projeto de Evandro Albiach, assistente de pesquisa.
Participaram da plenária os docentes permanentes do CCST Plínio Carlos Alvalá, coordenador acadêmico do Conselho do Curso de Pós-Graduação em Ciência do Sistema Terrestre; Gilvan Sampaio de Oliveira; Roberto Araújo de Oliveira Santos e Myanna Lahsen, entre outros.
A organização do workshop ficou a cargo dos pesquisadores Evandro Albiach e Gustavo Arcoverde. E o evento foi transmitido online para colegas da unidade de Cachoeira Paulista. O próximo encontro irá ocorrer no segundo semestre de 2015.
O Futuro é aqui e agora
Além desse processo de auto-reconhecimento das pesquisas, os encontros de trabalho servem também à tomada conjunta de decisões sobre os novos rumos do CCST. O objetivo de integrar pesquisas e pesquisadores é igualmente aquele de criar um real espaço de interdisciplinaridade científica, aproximando os recortes epistemológicos das ciências da terra, da vida, exatas e humanas.
As oficinas permitem aos integrantes não apenas conhecer em maior detalhes os trabalhos dos colegas, mas apontar novos rumos com base na realidade das áreas científicas que ali convivem. Portanto, reposicionar o CCST dentro do âmbito institucional do INPE – Instituto de Pesquisas Espaciais é outro ponto importante.
Hoje o CCST tem como missão, “gerar conhecimentos interdisciplinares para o desenvolvimento nacional com equidade e para redução dos impactos ambientais no Brasil e no mundo, fornecendo informações técnico-científicas de qualidade para orientar políticas públicas de mitigação e adaptação às mudanças ambientais globais.”
Tal direcionamento se alinha com as grandes preocupações da ciência em nível internacional – um exemplo é o recente estudo (16/06/15) <1> da Nasa – Agência Espacial dos EUA, feito com novos dados captados por satélites, que demonstra que mais da metade dos principais aquíferos subterrâneos do mundo estão se esgotando a um ritmo alarmante. Ou seja, quando a Nasa pede esforços globais coordenados para determinar a qualidade do que resta de água potável, não se pode negar a centralidade de uma ciência que utilize de modo integrado todo o conhecimento e tecnologia para o bem-estar na Terra. É hora de fazer valer uma das definições de Ciência do Sistema Terrestre: “buscar entender a dinâmica da complexa interação entre os sistemas naturais e sociais”.
<1> O estudo, publicado dia 16/06/15 pela revista “Water Resources Research” e divulgado pela Nasa – Agência Espacial americana, diz que 21 das 37 maiores reservas subterrâneas do planeta perderam mais água do que receberam durante uma década de observação, entre 2003 e 2013. Dessas 21 reservas, há 13 que experimentaram no período de análise fortes declives em seus níveis de água. Estes aquíferos subterrâneos fornecem 35% de água usada pelos seres humanos, por isso que a situação “é bastante crítica”, nas palavras de Jay Famiglietti, cientista da Nasa e pesquisador da Universidade da Califórnia. Graças aos dados dos satélites Grace da Nasa, que captaram as mudanças nos níveis de água dos aquíferos entre 2003 e 2013, os cientistas descobriram que as reservas em pior situação estão em regiões pobres e muito povoadas, como o noroeste da Índia, Paquistão e o norte da África. E os especialistas alertam que a mudança climática e o crescimento da população contribuirão para piorar ainda mais a situação destes aquíferos subterrâneos. O exemplo é o estado da Califórnia (EUA.), atingido pela seca e que está obtendo agora 60% da água que necessita das reservas subterrânea diante da média de 40%.
Isabel Gnaccarini, é jornalista e bolsista do CCST
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