Pesquisadores da DIIAV/CGCT-INPE participam de artigo que estabelece a resposta de nitrogênio de longo prazo dos cereais globais para avaliar as taxas de fertilizantes sustentáveis

As atividades antrópicas têm exercido intensa influência na ciclagem biogeoquímica do nitrogênio (N), principalmente a partir da segunda metade do século XX, com crescente disponibilização desse elemento no ambiente. Grande parte dos impactos ambientas relacionadas ao N tem ligação com o setor agrícola e as perdas de fertilizantes nitrogenados utilizadas em grandes lavouras de cerais em todo mundo. Por isso, entender a resposta da produção de cereais aos fertilizantes nitrogenados é fundamental para melhorar o manejo de nutrientes e as políticas para sustentar a economia agrícola e a suficiência alimentar com poluição mínima do ambiente. Neste trabalho publicado na Nature Food (https://www.nature.com/articles/s43016-021-00447-x) em janeiro de 2022, pesquisadores de diversas instituições de todo o mundo, derivaram, a partir de dados de campo, uma nova função genérica para a resposta de longo prazo da produção de cereais (trigo, milho e cevada) e poluição de nitrogênio às entradas de nitrogênio. Esta função é usada para avaliar as entradas sustentáveis de nitrogênio para regiões globais para uma ampla gama de potencial de produção (yield).

Embora se acredite que o uso atual de fertilizantes sintéticos nitrogenados permitiu a produção de alimento suficiente para alimentar metade da população global, é, também, a principal causa da duplicação da intensidade do ciclo natural global do N e do aumento das perdas para o meio ambiente. Encontrar um equilíbrio entre os benefícios do uso de fertilizantes nitrogenados para a produção de alimentos e os impactos da poluição agrícola por N na saúde humana e nos ecossistemas é um desafio em muitos países. Uma relação fundamental para melhorar o desempenho agronômico e ambiental dos sistemas alimentares é a resposta a longo prazo do rendimento das culturas à adição de fertilizantes nitrogenados. A partir dessa função, foi encontrado aportes de nitrogênio ótimos de longo prazo variando de 100 a 200 kgN ha^-1. Essa função foi combinada com dados econômicos para quantificar os custos e benefícios das mudanças no uso de fertilizantes e os efeitos sobre o rendimento agrícola e a poluição por nitrogênio, com o objetivo de estimar os insumos de nitrogênio ideais do ponto de vista da agricultura e da sociedade. Essas taxas foram consideradas mais baixas do que as taxas atuais para regiões de alta renda e mais altas do que as taxas atuais para regiões de baixa renda. A adoção dessas taxas sustentáveis ​​de longo prazo propostas pode ter implicações importantes para a distribuição global da produção de cereais e políticas púbicas voltados ao nitrogênio nos países produtores de grãos.[FP1] 

Este trabalho faz parte do projeto International Nitrogen Management System (INMS 2017-2022, http://www.inms.international/) financiado pelo Global Environment Facility (GEF) através do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), no qual o INPE, liderado pelo pesquisador Jean Ometto (DIIAV), é uma das mais de 80 organizações internacionais participantes.

Foto da capa: Plantação de milho no Centro-Oeste brasileiro (Fonte: CHBAGRO)