Estudo analisa as contribuições das florestas tropicais úmidas e subúmidas da América do Sul para os serviços ecossistêmicos
As florestas tropicais são habitats chave para diversos organismos vivos. Devido a sua ampla distribuição global, rica biodiversidade, e longa história de uso humano, essas florestas são também essenciais para o provisionamento de uma serie de serviços ecossistêmicos (SEs). Considerável atenção tem sido dada às florestas tropicais e seu papel como mitigador natural das mudanças climáticas. Estima-se que cerca de 30% de todo o CO2 emitido pelas atividades humanas seja removido da atmosfera por essas florestas. O papel importante das florestas tropicais como sumidouro de carbono tem historicamente guiado pactos, programas e políticas de conservação para estabelecimento de metas associadas ao armazenamento de carbono e mitigação das mudanças climáticas.
No entanto, a despeito dos esforços dispendidos, repetidos ciclos de acordos políticos e inovações de mercado pela comunidade internacional não tem produzido significativo fluxo financeiro para habilitar os proprietários e gestores das florestas no sentido de garantir a proteção e a regeneração da natureza. Apesar da ampla compreensão da necessidade de agir de forma ambiciosa, ciclos repetidos de políticas e inovações de mercado, até agora, se mostraram excepcionalmente inadequadas. Então estamos agora entrando em um mais recente ciclo de inovação. Mercados de credito da natureza (ou biodiversidade) estão sendo candidatos a fornecer o financiamento em escala e incentivos necessários para que as finanças globais se alinhem melhor com o recente Acordo Global de Biodiversidade e com o Acordo de Paris. No entanto, apesar do amplo reconhecimento de que um aumento na biodiversidade implica em aumento dos serviços ecossistêmicos, ainda não está clara a relação entre SEs e biodiversidade.
Diante desse cenário, o artigo Beyond Carbon: The Contributions of South American Tropical Humid and Subhumid Forests to Ecosystem Services, publicado na Reviews of Geophysics, faz uma abrangente revisão dos SE’s das florestas tropicas – em particular Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado – que vão além dos créditos de carbono. O artigo investiga também a relação entre serviços ecossistêmicos e biodiversidade. A publicação, fortemente interdisciplinar, foi liderada por pesquisadora do INPE, Laura Borma, contou com a fundamental participação dos professores e pesquisadores Marcos Heil Costa (UFV), Humberto Ribeiro da Rocha (USP), Raoni Rajao (UFMG), Madeleine Venzon (UFV), Beatriz Oliveira (Fundação Osvaldo Cruz) e Carlos Nobre (IEA/PGCST), bolsistas pos-docs da CLUA, alunos egressos da PGCST. Mais informações podem ser vistas em:
https://eos.org/editors-vox/why-tropical-forests-are-important-for-our-well-being
https://doi.org/10.1029/2021RG000766
Figura da Capa:
Estrutura esquemática de três tipos principais de florestas tropicais, incluindo (a) florestas tropicais úmidas, como a floresta amazônica, (b) savana tropical, como a savana brasileira (Cerrado) e (c) campos. As setas azuis significam o fluxo de calor latente (lE), ou seja, a fração da energia solar que é utilizada para transformar a água líquida em vapor atmosférico, e as setas laranjas significam o fluxo de calor sensível (H), que significa a fração da energia solar, que não se transforma em vapor e, com isso, promove o aumento da temperatura atmosférica. Nesta figura podemos ver a capacidade das florestas tropicais em absorver energia solar para transpirar água e, assim, produzir menos aquecimento atmosférico. Esta é uma forma adicional – além do CO 2absorção – por meio da qual as florestas tropicais ajudam a controlar o aquecimento global, ou seja, um serviço ecossistêmico de regulação do clima. Crédito: Borma et al. [2022]
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