Cenários de uso e cobertura da terra no Brasil 2050
Pesquisa da DIIAV/INPE, publicado na PLOS One, apresenta cenários regionalizados de mudança de uso da terra em todo o Brasil, até 2050, representando a diversidade de processos ligados às diferenças socioecológicas inter-regionais dos biomas, sem perder as relações globais.
Novos cenários regionalizados de mudança de uso da terra no território brasileiro, até 2050, visam representar a diversidade de processos ligados às diferenças socioecológicas inter-regionais dos biomas brasileiros, sem perder as relações globais.
Principalmente devido aos processos de desmatamento e restauração florestal, analisar as mudanças no uso e cobertura da terra no Brasil é fundamental para investigar impactos futuros no clima global e na biodiversidade. Para melhor compreender as interconexões entre os fatores globais e regionais que influenciam o uso da terra e suas mudanças no país, pesquisadores do INPE vem desenvolvendo estudos com modelos computacionais que associam os mapas de uso e cobertura a fatores como o crescimento populacional e as projeções de demanda de alimentos em 2050.
Um novo estudo, liderado por pesquisadores da Coordenação Geral de Ciências da Terra do INPE, expande para todo o Brasil a estrutura de modelagem de alocação de mudança de terra espacialmente explícita chamada LuccME (do inglês “Land use and land cover change Modeling Environment”), produzindo projeções de mapas da cobertura da terra em todo o país até 2050.
“Modelos de mudança e uso da terra são uma ferramenta espacialmente explícita relevante para analisar interações atuais e futuras entre seres humanos e natureza”, explica Ana Paula Aguiar, uma das responsáveis pelo desenvolvimento do LuccME no INPE. “Além disso, permitem a análise e avaliação da dinâmica dos fatores que influenciam as mudanças, bem como a influência das políticas públicas nas trajetórias atuais das transformações na superfície terrestre associadas às atividades humanas”, complementa a pesquisadora.
Os novos cenários, publicados na revista científica PLOS One (https://doi.org/10.1371/journal.pone.0256052) estão alinhados com os cenários de projeções socioeconômicas globais descritas pelo IPCC na forma de “SSPs” (sigla em inglês para Caminhos Socioeconômicos Compartilhados, “Shared Socioeconomic Pathways”), considerando o equilíbrio entre os fatores globais (por exemplo, crescimento do PIB, crescimento populacional, consumo per capita de produtos agrícolas, políticas de comércio internacional e condições climáticas associadas aos cenários de concentração de gases estufa – os “Representative Concentration Pathways”, RCPs) e os fatores locais (por exemplo, estrutura agrária, aptidão agrícola, áreas protegidas, distância a estradas e outros projetos de infraestrutura). Francisco Gilney Bezerra, líder do estudo, destaca a inovação destes cenários:
“Modelos e cenários globais podem falhar em capturar a dinâmica regional da mudança da terra. Nem sempre incluem fatores locais, narrativas regionais, o quadro político e institucional nacional e a dinâmica e magnitude dos fatores intrarregionais que determinam a demanda por terra.”
O conjunto de dados vem no formato NetCDF e disponibiliza as projeções baseadas nas narrativas que se alinham com SSP1/RCP 1.9 (cenário de desenvolvimento sustentável), SSP2/RCP 4.5 (cenário “meio do caminho”) e SSP3/RCP 7.0 (cenário de forte desigualdade). Os dados estao disponíveis na plataforma zenodo: https://zenodo.org/record/5123560
O artigo disponível no link: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0256052
Figura da Capa: Percentual de vegetação florestal, vegetação campestre e pastagem plantada observado versus simulado em células de 10 x 10 km² em 2014 e a distribuição espacial dos erros de omissão e comissão. A origem dos limites dos estados está de acordo com o IBGE [31]. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0256052.g004
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