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Artigo de cientista do INPE e colaboradores investiga a intensificação das secas-relâmpago no Brasil e revela tendências preocupantes em vários biomas

Foto da Capa : Ribeirinhos carregam galões de água enquanto atravessam bancos de areia do rio Madeira até a comunidade Paraizinho, em meio à pior seca da história. Humaitá, Amazonas (10 de setembro de 2024) — Foto: Bruno Kelly/Reuters

O artigo de Javier Tomasella e colaboradores, publicado em 2025, trata das secas-relâmpago no Brasil — um tipo de seca que se desenvolve de forma rápida e intensa, em resposta à falta de chuva combinada com alta evapotranspiração, o que provoca a rápida perda de umidade do solo. O estudo é pioneiro ao analisar essas secas em diferentes biomas brasileiros, utilizando dados meteorológicos diários e uma base detalhada sobre capacidade de armazenamento de água dos solos entre 1980 e 2020.

Os resultados mostram que as secas-relâmpago são mais frequentes nos biomas Caatinga, Pantanal e Cerrado, ocorrendo também em áreas do norte e leste da Amazônia e no sul da Mata Atlântica. Além da frequência, o estudo identificou variações na velocidade de intensificação, duração e severidade desses eventos conforme o bioma. Biomas como o Pampa, por exemplo, apresentam secas-relâmpago de curta duração, mas com desenvolvimento extremamente rápido. Já a Caatinga e o Cerrado concentram eventos mais longos e severos.

A análise de tendências revelou que essas secas estão se intensificando especialmente no leste e norte da Amazônia, sul e norte do Cerrado, e em vários pontos da Caatinga e da Mata Atlântica. O aumento no número de eventos e na velocidade de sua intensificação está ligado a mudanças climáticas recentes, principalmente ao aumento persistente das temperaturas máximas e mínimas. A distribuição desses eventos também está fortemente relacionada com a capacidade de retenção de água dos solos. Solos com baixa capacidade de armazenamento (menos de 90 mm por metro) são os mais suscetíveis, enquanto regiões com solos mais profundos e ricos em água apresentaram menos eventos.

Os autores destacam que biomas como Caatinga, Pantanal e Cerrado devem ser prioritários nas políticas públicas e no monitoramento ambiental, devido à maior frequência e à tendência de intensificação das secas-relâmpago. O artigo também aponta a importância de considerar não apenas variáveis climáticas, mas também fatores ecossistêmicos e respostas da vegetação em estudos futuros sobre esse fenômeno, cuja imprevisibilidade representa um desafio crescente à segurança hídrica e agrícola no país.

Para saber mais, acesse o link: Are flash droughts intensifying in Brazil? | Climate Dynamics

Foto da Capa : Ribeirinhos carregam galões de água enquanto atravessam bancos de areia do rio Madeira até a comunidade Paraizinho, em meio à pior seca da história. Humaitá, Amazonas (10 de setembro) — Foto: Bruno Kelly/Reuters