Artigo com a colaboração do CCST/INPE analisa tendências em mudança nos extremos de precipitação na RMSP
Estudo publicado na revista Frontiers analisou as tendências observadas em eventos extremos de chuva na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). A pesquisa utilizou conjuntos de dados pluviométricos com mais de 60 anos de registro área estudada.
A RMSP é o terceiro maior conglomerado urbano do mundo, com 39 municípios, totalizando uma área de 7.944 km². A cidade de São Paulo é a maior em população e desenvolvimento econômico.
Eventos eventos extremos de chuva na RMSP representam riscos hidrometeorológicos que desencadeiam enchentes e deslizamentos. Segundo o artigo, mudanças nos extremos de precipitação podem ocorrer parcialmente devido à variabilidade natural do clima. Mas também podem estar relacionadas ao aquecimento global e / ou urbanização.
A análise mostra que a precipitação anual total e o número de dias com precipitação de 20 mm exibem o maior aumento significativo durante 1930–2019 e que isso é melhor percebido durante o verão. Essa tendência também é observada no número de dias com precipitação de 100 mm ou mais. Portanto, a tendência positiva na precipitação anual deve-se principalmente a um aumento na frequência de eventos extremos de precipitação.
Por outro lado, a análise mostra que o número de dias secos consecutivos aumentou. Embora esses resultados pareçam contraditórios, eles indicam uma mudança climática importante nos últimos tempos. A precipitação intensa concentra-se em poucos dias, separados por períodos de seca mais longos.
O foco está em como as variações da circulação atmosférica estão contribuindo para essas mudanças. Durante 1960–2019, o Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul intensificou-se e moveu-se ligeiramente para sudoeste de sua posição normal. Essa mudança influencia o transporte de umidade e, portanto, afeta a precipitação. Isso pode explicar o aumento dos extremos de precipitação na RMSP. No entanto, outros sistemas atmosféricos também podem ser importantes.
A área urbana da RMSP deve dobrar de tamanho até 2030. Nesse cenário, até 12% da área total se tornaria altamente vulnerável a deslizamentos de terra se os extremos de chuva aumentassem até então.
Os autores alertam para a necessidade de planejamento de grandes centros urbanos como a RMSP, o que exige uma rede de articulação global, envolvendo interesses financeiros e econômicos.
Como recomendações, eles afirmam que planos de contingência são necessários e devem considerar chuvas extremas com períodos de seca prolongados entre alguns extremos climáticos.
“A climatologia das chuvas em várias estações meteorológicas deve ser atualizada em toda a RMSP e região do estado de São Paulo, permitindo melhores estudos para verificar se já entramos em um “novo regime normal” na RMSP, no que se refere a tendências de fortes precipitações. Há uma necessidade de procedimentos a serem adotados por governos e agências que trabalham com o gerenciamento de risco de desastres como consequência do clima e de extremos climáticos. O objetivo principal é fazer frente aos impactos dos desastres naturais em um clima cada vez mais quente, com mais chuvas extremas e pessoas mais vulneráveis”, concluem.
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https://doi.org/10.3389/fclim.2020.00003
Capa: figura do artigo
Por: Giovana Colela (estagiária do CCST) e Ana Paula Soares (CCST/INPE)
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