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Artigo apresenta cenários de emissões de CO2 por degradação florestal e desmatamento na Amazônia Brasileira

Artigo publicado na Science Advances, conduzido por pesquisadores da Divisão de Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade da CGCT do INPE, apresenta cenários de emissões de gases de efeito estufa por degradação florestal e processos relacionados ao desmatamento na Amazônia Brasileira até 2050 (https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.abj3309). Enquanto em um cenário sustentável são estimadas emissões de 0,74 Gt CO2 entre 2020 e 2050, em um cenário de fragmentação continuada das florestas essa estimativa sobe para 22,63 Gt CO₂.

O cenário sustentável considerou melhorias nas dimensões socioeconômica, ambiental e institucional da região, se aproximando do compromisso de desmatamento ilegal zero até 2030, assumido pelo governo brasileiro no âmbito do Acordo de Paris. Por outro lado, o cenário de fragmentação presumiu enfraquecimento das dimensões socioambientais, se aproximando das condições atuais observadas na região.

O artigo apresenta uma abordagem inovadora, permitindo explorar fatores socioeconômicos e ambientais que influenciam como a degradação florestal é distribuída espacialmente, projetar cenários e estimar, de forma integrada, as emissões de CO2 por degradação florestal, desmatamento e dinâmica da vegetação secundária, utilizando os cenários de desmatamento já existentes.

O trabalho partiu da modelagem espacial da degradação florestal na Amazônia Brasileira no período de 2007 a 2019 (dados dos sistemas do INPE DEGRAD e DETER do INPE) para entender melhor esse processo e desenhar os cenários para o período de 2020 a 2050, utilizando os ambientes de modelagem LuccME/INPE-EM também desenvolvidos pelo INPE. Os resultados mostraram que a degradação florestal assume dois comportamentos distintos. Nos anos em que a Amazônia passa por secas extremas o desmatamento recente e o déficit hídrico são fatores importantes influenciando a degradação. Essa relação pode ser explicada por escapes de fogo colocado em áreas recém desmatadas para limpeza do local. Em anos muito secos o fogo adentra mais facilmente a floresta, podendo ocasionar grandes incêndios florestais. Em anos mais úmidos, o desmatamento histórico e o acesso a mercados são os fatores que melhor explicam a degradação florestal, reforçando o entendimento de que a fragmentação causada pelo desmatamento fragiliza a floresta, expondo as suas bordas a pressões ambientais e humanas.

Com esses resultados, o artigo destaca a importância do desmatamento como fator de influência na degradação florestal na Amazônia Brasileira. Embora o cenário sustentável considere que compromissos assumidos pelo Brasil no acordo de Paris sejam mantidos, considerando desmatamento ilegal zero até 2030, o crescimento do desmatamento registrado pelo PRODES nos últimos anos nos aproxima cada vez mais do cenário de fragmentação, ressaltam os pesquisadores.

Artigo: https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.abj3309#.YqpfvrcD_s8.twitter

Fig. 2. Percentage of degradation in 25 km × 25 km cells from 2020 to 2050.
(A) Sustainable scenario. (B) Fragmentation scenario.