Ir direto para menu de acessibilidade.
Portal do Governo Brasileiro
Home > noticias > Pesquisa pioneira apresenta calibração do modelo AquaCrop para café arábica e avalia impactos das mudanças climáticas sobre a produção no Brasil.
Notícia

Pesquisa pioneira apresenta calibração do modelo AquaCrop para café arábica e avalia impactos das mudanças climáticas sobre a produção no Brasil.

Foto da Capa: Fig. 1. do artigo com Produção de café arábica por estado brasileiro em 2022 (painel A), localização dos municípios selecionados para os processos de calibração e validação (painel B). Fonte: Informações sobre a produção de café arábica estão disponíveis no IBGE (2023).

O artigo traz uma contribuição inédita ao realizar a primeira calibração, validação e aplicação do modelo AquaCrop, desenvolvido pela FAO, para estimar e projetar a produtividade do café arábica no Brasil diante das mudanças climáticas ao longo do século XXI. O estudo utilizou dados de 58 municípios dos principais polos produtores de café arábica no país, abrangendo os estados de Minas Gerais e São Paulo. Após ajustes específicos ao cultivo de café, o modelo demonstrou alto desempenho estatístico na simulação da produtividade observada, o que permitiu sua aplicação em projeções futuras.

Com base em nove modelos climáticos globais (GCMs) do conjunto NEX-GDDP-CMIP6 e em três cenários socioeconômicos distintos (SSP2-4.5, SSP3-7.0 e SSP5-8.5), os autores projetaram os impactos climáticos sobre a produtividade do café arábica para três períodos futuros (2041–2060, 2061–2080 e 2081–2100). Os resultados indicam que, apesar dos desafios impostos por aumentos de temperatura, alterações nos padrões de precipitação e maior frequência de eventos extremos, a produtividade do café poderá aumentar em grande parte das áreas estudadas, especialmente em uma faixa que se estende do sudeste paulista ao sul de Minas Gerais, com ganhos de até 55%. Esses aumentos são atribuídos principalmente ao efeito fertilizante do aumento da concentração de CO₂ na atmosfera, que melhora a eficiência do uso da água pelas plantas.

Por outro lado, regiões do norte e nordeste de Minas Gerais podem enfrentar quedas na produtividade devido a estresses térmicos e hídricos mais intensos, mesmo com o aumento do CO₂. O estudo destaca ainda que, embora o rendimento possa crescer, a qualidade da bebida pode ser prejudicada pela redução do ciclo produtivo e por estresses ambientais, o que compromete características como sabor e aroma. Além disso, pragas e doenças podem se intensificar nas áreas de maior produtividade futura.

O artigo reforça a importância de medidas de adaptação, como sombreamento, irrigação e seleção de cultivares mais resistentes, além de políticas públicas e apoio técnico e financeiro aos produtores, especialmente os mais vulneráveis. A pesquisa oferece uma base robusta para planejamento agrícola e formulação de estratégias resilientes para o setor cafeeiro brasileiro frente às mudanças climáticas.

Para ler o artigo completo, acesse o link: https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2025.179418

Foto da Capa: Fig. 1. do artigo com Produção de café arábica por estado brasileiro em 2022 (painel A), localização dos municípios selecionados para os processos de calibração e validação (painel B). Fonte: Informações sobre a produção de café arábica estão disponíveis no IBGE (2023).